O que você pensa quando ouve alguém dizendo que gosta de teologia? Estranho? Normal? Por desconhecer a definição do que realmente significa teologia, existe muita gente confusa; desenvolvendo até, alguns preconceitos com quem decide se matricular em um curso teológico.  Por isso, antes de definirmos o que significa, é bom que fique bem claro que “teologia”, não é sinônimo de “falta de fé”.

Não são as pessoas que estão titubeando em sua caminhada cristã, sucumbindo em sua fé em Jesus, que resolvem se aventurar assentando-se numa cadeira de uma faculdade para estudar teologia. Teólogo não é um sabe tudo religioso, que ignora as coisas “espirituais” apresentando explicações racionais para todos os assuntos, em todas as ocasiões. Teologia não é uma matéria apenas para eruditos, intelectuais, doutos, apegados em teorias vazias e sem vida. Não, isso não é teologia!

 

O que é teologia? 

            O termo “Teologia” é formado de duas palavras gregas: theos, que significa “Deus”, e logos, que significa “razão”, “sabedoria” ou “pensamento”.[6] É possível também, que logos seja traduzido como “estudo”, “assunto”, “discussão”, “matéria”, “coisa”, “ponto”, “tema” e etc.[7] Portanto, devido a grande variedade de possibilidades de traduções da palavra, podemos dizer, basicamente, como afirmou Champlin, que teologia é o estudo das coisas relativas a Deus, à sua natureza, obras e relações com os homens.[8]

Ryrie afirma que a teologia é a descoberta, a sistematização e a apresentação das verdades a respeito de Deus.[9] Num sentido mais limitado, entretanto, podemos afirmar que, qualquer meditação sobre as questões fundamentais da vida, que aponte para Deus, é teologia. E, não é de hoje que as pessoas buscam respostas sobre Ele! Desde tempos remotos filósofos tateiam, pesquisam, sondam, enfim, estão à procura da existência de qualquer ser supremo que pudesse existir, o princípio fundante de todas as coisas. Por isso, olhando de forma mais geral,

 

“…a teologia não é exclusivamente cristã, mas consiste no esforço humano quase universal do qual a teologia cristã é a concretização especifica. O aspecto ímpar da teologia cristã é que os cristãos buscam respostas às perguntas fundamentais sem desviar os olhos de Jesus Cristo”.[10]

 

A teologia como ciência           

Mas, voltando as definições de teologia, Myer Pearlman diz que esta, é a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus e do relacionamento dele com o homem.[11] Ele explica que chama a teologia de “ciência” por um motivo bem simples. A ciência é a disposição sistemática dos fatos comprovados. “A teologia é considerada ciência porque consiste em fatos relacionados a Deus e às coisas de ordem divina apresentadas de uma maneira lógica e adequada”.[12] Como uma ciência que se esforça, na busca de compreender Deus, a teologia é uma disciplina intelectual respeitada. Ela já foi considerada como a “rainha das ciências e a Teologia Sistemática como a coroa da rainha”.[13]

A teologia é boa!           

Todavia, hoje em dia, é lamentável constatar, mas em muitas igrejas evangélicas a teologia é vista com maus olhos. Desde já, é bom que se diga: não existe nenhum problema em alguém querer se aprofundar em seu conhecimento da Bíblia Sagrada. As Escrituras não são contra questionamentos e dúvidas! Veja, por exemplo, os judeus bereanos: …pois de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. (At 17:11b).

 

Teologia, conhecimento para crer!

Os bereanos não receberam tudo o que lhes foi dito passivamente. Questionaram, examinaram. O verbo “examinar”, usado no texto citado, é a tradução do vocábulo grego “anakrino”, que significa fazer passar pelo crivo, fazendo uma pesquisa cuidadosa e exata.[14] Rienecker e Rogers, nesta mesma linha, destacam que “anakrino” é examinar, fazer uma pesquisa cuidadosa, “como num julgamento legal”.[15] A dúvida fez com que aqueles judeus buscassem respostas. Eles estavam fazendo teologia! E, neste caso, avançaram em seus conhecimentos, e, Desse modo, muitos deles creram…(At 17:12).

 

Por, Pr. Eleilton de Souza Freitas.


[1] Erickson (1997:15).

[2] Pearlman (2006:16).

[3] Erickson (1997:15).

[4] Grudem (1999:4).

[5] Grudem (1999:4).

[6] Grenz; Olson (2006:15).

[7] Gingrich; Danker (1984: 127).

[8] Champlin (2001:357).

[9] Ryrie (2004:15).

[10] Grenz; Olson (2006:43).

[11] Pearlman (2006:16).

[12] Ibidem.

[13] Thiessen (2001:5).

[14] Champlin (1986:358).

[15] Rienecker e Rogers (1995:225).